Ciência, Verdade e afetos

 Ciência ¹ 

É, antes de tudo, um conhecimento sem dono.
Instigados desde a apreciação das estrelas, entre as quais, os planetas se apresentavam
 como astros errantes e de brilho constante, derrubamos o muro da impotência, incorporando-nos de um novo Ser. Tê-la nas veias é olhar para o desconhecido sem medo - pela certeza que o entendimento é sempre alcançável; Não se achar o máximo - pelo infinitesimal que representamos. Não se achar pequeno - pelo parcial entendimento das quase inimagináveis partículas das quais nos compomos; Nem se achar o mínimo, pois temos pensamentos que compreendem bilhões de metragens acima e abaixo do que fomos.

Na subjetividade da experiência.

Na subjetividade da compreensão.

Apelar para o ceticismo, e ainda...

obter a liberdade de ações pelas quais lutamos

 desde que passamos a nos ver e sonhar.

Quando o estado de consciência floresceu, para, só então, morrer com cada um de nós.
E a felicidade foi trocada pela busca do eu, mas a verdadeira, a derradeira: a serenidade, passa a ser mantida pelo retorno à liberdade das vontades, sem o peso da maldade.

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(¹ A Ciência é responsável por permitir superpoderes que vão desde uma simples compreensão de fatos do cotidiano, a cura do câncer, da exploração espacial e nanotecnologia até a bomba atômica, tendo uma força descomunal, transcendente.)

Texto/Desenho criado em 2001, retirado do meu livro de poesias, em eterna edição.

   Dentre as várias Ciências: Exatas, Naturais e Humanas, para cada uma, verdade se confunde com conceito, definição ou interpretação. Nas Exatas, a verdade se prova por axiomas, que é uma verdade base,  ou, raramente, conjecturas, e por isso, uma verdade matemática é em quase sua totalidade uma Verdade; já nas Naturais, que trabalha com modelos ou aproximações para descrever a Natureza, ou seja, descrições de uma realidade palpável (observada de forma indireta), ocorre uma descrição incompleta da Verdade, mas desprezar o atrito para uma bola de bilhar ou roldana, ou mesmo do ar em quedas curtas geram erros insignificantes; já, nas Humanas, trata-se de uma compreensão que depende muito de subjetividades, numa confluência de interpretações que tendem a um fato histórico, portanto uma verdade próxima de uma Verdade. O problema é que isso pode levar tempo, pois reinterpretações dependem da revalorização de fatos, acrescão de dados e da superação da versão dos vencedores (ditames dos poderosos), que neste caso, é uma inverdade temporária.

   Portanto, é a Ciência é um conjunto de conhecimentos em busca de verdades, e nesse enorme conjunto de conhecimentos humanos, a Matemática é usada como ferramenta para as outras ciências, como Física e Química, sendo estas, ferramentas para Biologia e Engenharias, e até mesmo nas Humanas, seja por datação radiológica, análise histórica genética ou química.

   Importante, é óbvio que não existe uma Verdade Absoluta, uma causa primária para todas as coisas, ou que o bater das asas de uma borboleta na Amazônia não influencia num tsunami no Japão, nem mesmo na próxima explosão solar.

   Ao contrário do pensamento popular, a Matemática não é a base lógica e comparativa das Ciências, mas sim a Filosofia, sendo a Matemática um ramo da Filosofia.

   Quem entendeu bem estas relações foi o fundador da Unicamp, o prof. Zeferino Vaz, que dispôs os conhecimentos/habilidades humanas no mapa da própria Universidade, que é representado na sua logomarca: 

   Nesse desenho que lembra um olho/visão/conhecimento, a pupila é um enorme bosque reconfortante e tem no seu centro um espelho d'água, onde a Vida se inicia e a luz se reflete e é conduzida, como tbm os Ciclos Básicos, prédios circulares que abrigam as salas de aulas usados pelos alunos ingressantes de todas as faculdades, privilegiando integração e senso de comunidade. Ao redor, são dispostos em uma sequência de interdependência os Institutos e Faculdades, num ciclo que visto no sentido anti-horário/temporal termina, ou recomeça, com a Biologia, diretamente dedicada a Vida na sua forma mais ampla, umbilicalmente ligada ao segundo Instituto, o de Química, que é uma ciência a parte, mas um ramo da Física, o terceiro nesta sequência, e que por sua vez necessita da Matemática, o quarto, que depende do pensar correto, da lógica, classificação e ordem, daí o IFCH, ou Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, para só então chegarmos aos últimos/primeiros institutos, a base do que podemos considerar humano, os Institutos de Arte (criação) e Linguagem (percepção e transmissão). Os pontos vermelhos são veios/artérias de entrada e saída e pessoas, e claro, num desenho estilizado, não são mostrados detalhes dos ciclos mais externos, contendo as Engenharias, Educação, Economia e Geociências, e algumas ruas são internas de alguns institutos. Tudo sem deixar de relembrar grandes personalidades, como a Av. e Praça Sérgio Buarque de Holanda (pupila), a Avenida Bertrand Russell ou as ruas Charles Darwin, Elis Regina, Cora Coralina, Carlos Gomes...

   Numa briga de Ego entre integrantes mal integrados destas várias áreas do Conhecimento Humano, surge uma certa confusão e até revolta, já que para uma ciência exata, como a Matemática, 1 + 1 = 2 e ponto, claro que definindo corretamente os números dentro de um conjunto numérico específico. O que importa é que, dentro da normalidade, chova ou faça Sol, estejamos felizes ou tristes, ontem, hoje ou amanhã e independente dos poderes: 1 + 1 = 2. Já nas Ciências da Natureza, trabalha-se com probabilidades, que na maioria das vezes tem bom grau de confiabilidade. Portanto, o grande trunfo das Ciências Naturais é poder fazer previsões confiáveis de coisas físicas. Por exemplo, pode-se calcular a velocidade máxima com que um carro pode fazer uma curva em função do atrito entre a borracha dos pneus e o asfalto, mas sempre se recomendará um valor de trânsito naquele local menor em até 50%, pois pode acontecer do piso estar molhado, terem ali muitos detritos ou mesmo os pneus e amortecedores não estarem em boas condições, e até tudo ao mesmo tempo. Em construção civil, a resistência prevista de vigas, colunas, lajes ou outras estruturas de concreto é aumentada entre 5 e 20%, para compensar desconformidades nos materiais. Ou seja, em se tratando de risco à integridade humana, é melhor considerar a verdade descrita pelo pior caso, que por sua vez é a menos provável. E sim, as Ciências Naturais conseguem fazer previsões assustadoras e complexas, como qual a probabilidade, quando e onde poderá cair um asteroide monitorado, como, segundo a ESA, o 2023 DW que possui probabilidade de atingir a Terra de 1/560 chance no Dia dos Namorados, 14 de fevereiro de 2046 (daqui 21 anos). Mas, no fim, qual Ciência está mais próxima ao cotidiano do público em geral: As Ciências Humanas, e estas possuem previsibilidade ainda mais complexa, pois possuem alto graus de subjetividade, mas modelos similares ao climático já são usados em economia, sociologia, política (modelo do eleitor e teoria dos jogos) e até História (Peter Turchin), permitindo prever PIB, inflação, desemprego ou analisar comportamentos em redes sociais e segregação racial (modelo de Schelling), só que com grau de confiabilidade que não agrada quem está acostumado com as previsões das Ciências Naturais, muito menos das Exatas, servindo como indicativo. 

   Aqui reside o maior problema nesta análise, e as maiores polêmicas, pois no campo da História, que é uma Ciência que estuda o passado, um historiador não gosta de fazer previsões do futuro, afirmando que isso não é prerrogativa desta Ciência, mas sendo uma Ciência, ela precisa ser útil para formulações de futuro, e o argumento de que ela serve somente para compreender o presente é no mínimo incompleto, pois, ou a torna uma mera curiosidade e desvincula a real necessidade de projetar o futuro, ou então é uma maneira de evitar responsabilidades, apresentando os dados e transferindo aos sociólogos, políticos e economistas esta tarefa necessária. Para mim, a coragem e pensamento multidisciplinar de Peter Valentinovich Turchin, sociólogo que prevê fatos históricos, é exemplar.

   Para aqueles que ainda não entenderam, Ciência é conhecimento, não mera informação, portanto, sim, uma ferramenta. Historiadores, ou vcs são uma Ciência, ou construtores de museus escritos, cuja admiração é parcial.

   Neste emaranhado complexo de Ciências, não existe um único método, e este não é estático, nem têm um mesmo grau de confiabilidade, interna ou entre as várias Ciências.

   A Matemática usou métodos geométricos e, principalmente, nos últimos séculos, algébricos, para formular teoremas com base em axiomas, gerando 100% de confiabilidade (as vezes, conjecturas, quase 100%).

   Nas Ciências Naturais, usa-se o Método Científico, elaborado pela junção de proposições de diversos pensadores, como René Descartes (1637 na obra "O Discurso sobre o Método", método dedutivo) e de forma aplicada, mesmo que rudimentar, por Galileu (1638 na obra "Diálogos sobre duas novas ciências", por experimentação), baseado nos pensamentos de Roger Bacon (1267 na obra "Opus Majus", destacando a importância da observação e da experimentação na formação do conhecimento científico - Wikipédia) e de Francis Bacon (1620 na obra "Novum Organum", que propôs um novo método de investigação científica baseado na observação, experimentação e indução - Toda Matéria, Pedro Menezes). Ou seja, observação, experimentação, proposição e análises tanto indutivas quanto dedutivas, com posterior comprovação e/ou reformulação, num ciclo de aprimoramento em que estas etapas não são rígidas, e no qual tudo é verificado por pares (outros cientistas, com diferentes motivações, e que reproduzem o mesmo experimento).

   Como resultado, na Física a confiabilidade é majoritariamente maior que 95% (condições ambientes). De qqr forma, o efeito de cada fator é calculável, só que muitos são desprezíveis ou apenas estimáveis. Por exemplo, atritos, resistência do concreto, resistência e elasticidade da madeira e fluidez do solo ou da água são normalizados, não necessariamente exatos; Na Química e Biologia, as previsões são também quase certas, mas com valores variados. Exemplo, existem reações químicas em que um produto é obtido com 99,9% de pureza e de forma rápida, já outras, o rendimento é de partes por milhões, como no famoso processo Haber-Bosch para produção de amônia, de 1913, alavancado pela indústria militar em 1914, e que permitiu a Revolução Verde 30 anos após ser desenvolvido, em 1940, e no qual a relação entre produto/reagentes é de 0,000015 (baixíssima). O importante é sabermos que todos os mecanismos químicos de deslocamento, catálise e equilíbrio deste processo são perfeitamente conhecidos e calculáveis, e foram, por isso mesmo, trabalhados para otimizar e torná-lo viável. Importante: desconhece-se outros fatores que possam influenciar este processo, mas se algum vier a ser descoberto, os anteriores não se tornarão mentiras.

   Portanto, nas Ciências Naturais ou Exatas, não se pode afirmar que verdades anteriores são substituídas, muito menos derrubadas por não serem verdades, nem que os processos não são conhecidos, ou que algo desconhecido venha demonstrar que o que era conhecido estava errado. O que pode ocorrer é uma adequação, tornar o que estava certo ainda mais certo, o que era verdade mais próximo da Verdade. Assim, a ideia de Aristóteles envolvendo conceitos gravitacionais se mostrou errada por nunca ter sido verdade, já que ele atribuía um efeito da massa na aceleração que nunca existiu, e fez isso sem experimentação ou base verdadeira, e isso foi demonstrado ao passarem pelo escrutínio do primitivo Método Científico por Galileu. Desde então, estas ideias estão sendo melhoradas. Galileu, em 1638 observou que na queda a velocidade era proporcional ao tempo de queda, independente da massa: v ∝ t, e em 1687 Newton demonstrou que esta relação se dá pela proporção de g (aceleração gravitacional, próxima a 9,8 m/s²), ou seja v = 9,8*t, já Lorentz, em 1904, mostrou que esta velocidade não seria observada de igual forma por um espectador parado e outro passando por ali em alta velocidade, de tal forma que u = (u + v)/(1 + u*v/c²), onde u é a velocidade observada, u‘ a velocidade do objeto e v a velocidade do sistema que abriga o objeto. O importante é que essa correção só é necessária para velocidades muito altas. Por exemplo, um observador parado com relação ao Sistema Solar, vê a Terra girar em torno do Sol com velocidade de 30 km por segundo, o que é muito alto para nossos padrões cotidianos, mas ao observar uma maçã cair, após 2 s, ele perceberia a velocidade dela alterada em 0,0000002 m/s do seu valor de 19,6 m/s para um observador local. Ou seja, as correções de Lorentz só são relevantes para velocidades próximas a da luz (c = 299.792.458 m/s). E mais, ao observarmos a equação de Lorentz, se a velocidade do sistema for zero (v = 0), então u = u‘, demonstrando que Newton e Galileu nunca foram contrariados. Da mesma forma, o modelo atômico de Dalton não deixou de ser verdade após proposições de Thomson ou Bohr, pois reações químicas baseadas em Dalton continuam respeitando as Leis Ponderais, e é até aí que o modelo se propôs explicar. O problema é, novamente, quando entramos no campo das Ciências Humanas, pois um fator negligenciado no passado pode se mostrar muito importante após nova análise, ou ter sua relevância muito alterada, e mudar drasticamente as conclusões. O que muitas vezes acontece é que fatores em Ciências Humanas podem ser definidos por interesses pessoais. Como, neste caso, a verificação por pares é complexa, uma interpretação falsa, ou uma parcial, pode se sustentar por um longo tempo, ou até permanecer indefinida. Como melhorar isso?

    Nas Ciências Humanas, partindo de fontes primárias e secundárias, o melhor método de análise já desenvolvido é o do filósofo Carl Marx, elaborado juntamente com o empresário Engels. Resumindo o Método do Materialismo Histórico-Dialético, pode-se dizer que (fonte: Todo Estudo): 

  • Contrariamente ao idealismo, são as relações materiais que existem entre os humanos e entre a natureza que determinam a consciência, e o desenvolvimento econômico, político e social só ocorre por conta das transformações materiais entre as forças produtivas.
  • Nenhum produto da humanidade está solto no mundo, nada é atemporal ou a-histórico. Todos os bens produzidos pela humanidade (conhecimento intelectual e desenvolvimento tecnológico) são produzidos na e por causa da história. 
  • A dialética marxista é o movimento de assumir a contradição inerente a todos os fenômenos, a fim de compreendê-los em sua complexidade. Um exemplo disso é quando se olha para qualquer produto, como uma cadeira. Pode-se pensar que a cadeira é e não é uma cadeira [, ou seja, que é um objeto para se sentar, mas também o fruto do trabalho ou então meio para exploração do trabalhador, e até um fetiche para explorar o consumidor. Notar que óculos já foi objeto de vergonha].

   Sim, fazer um bom estudo histórico é complexo, e mais interessante do que saber quando Portugal e Espanha resolveram explorar mares diferentes, é saber o porquê, e quais as consequências. Por dependerem de decisões políticas, que quase sempre usam argumentos, as vezes falsos, as vezes meio verdadeiros, não necessariamente deixando de serem justos, as análises se tornam mais difíceis. Por exemplo, a transposição do Rio São Francisco teve como argumento levar água para uso doméstico da população do Nordeste, mas no fundo o interesse principal é promover a agricultura e indústria local, portanto duas meias verdades da verdade que é levar a melhoria de vida. Acontece que a meia verdade "saciar a sede" está mais longe da verdade "melhoria de vida" que a meia verdade "desenvolver a agricultura e indústria", e o problema é como simplificar e deixar comovente, ao mesmo tempo - se fosse simplesmente para uso doméstico, seria mais fácil e barato dessalinizar a água salobra local e trabalhar com cisternas. Pior, por dependerem estas análises de dados fornecidos/distribuídos por poderosos, um fato histórico pode acabar sendo corrigido muitos anos depois. Como exemplo, em 1888, e confirmado por relatos de ex-escravizados vivos até a década de 70, a Lei Áurea era atribuída à bondade da princesa Isabel, sendo negligenciados os vários movimentos populares, revolta de escravos e quilombolas e até intelectuais da época. Outro exemplo é que para o Ocidente (falsamente transmitido por filmes e omitido em livros), os EUA foram os heróis da 2ª Guerra Mundial, na qual os soviéticos pouco ajudaram (falso), mas hoje está ficando claro que o império estadunidense tinha o interesse de enfraquecer o URSS, só entrando na guerra quando as forças soviéticas já haviam invertido o avanço de Hitler, possuindo a atuação da URSS uma relevância muito maior na derrota dos nazistas (verdade) que a dos EUA. Se a URSS não demonstrasse superioridade, os EUA esperariam as duas grandes forças se mutilarem para tomar controle de tudo. No mesmo sentido, o estado de bem estar social nos países europeus e EUA não se devem a características do Capitalismo, mas sim à necessidade de competir com benefícios criados pelos comunistas na URSS, como redução da jornada de trabalho, direitos trabalhistas e saúde e educação públicas. Isso ficou claro com o fim da URSS, quando estes benefícios foram deixados de lado no Ocidente, ou melhor, diminuídos ou transformados em mercadoria. Pior ainda, uma rápida pesquisa na internet apontará, erroneamente, que o Capitalismo é tido como o maior gerador de evolução tecnológica e bem estar, sendo que uma análise dos dados históricos antes ignorados mostram que o desenvolvimento dentro do Socialismo foi muito mais rápido e efetivo, e está sendo, atualmente, muito mais amplo e efetivo também. E sim, infelizmente, muitas conclusões obtidas dentro das Ciências Humanas podem ser mentiras que perduram por muitos anos, mas que estão e ficarão cada vez mais raras devido a globalização da informação e popularização dos meios comunicativos.

    Uma análise histórica necessita ser feita pela confluência de muitos pontos de vista para evitar que fatos sejam ignorados ou deturpados, considerando aspectos econômicos, sociais, populacionais, psicológicos, morais, tecnológicos, geológicos, geográficos, políticos, religiosos, ambientais, energéticos, financeiros, educacionais... Neste ponto, são várias meias verdades que se juntam para formar uma verdade em busca da Verdade, e isto não é exclusividade da História, mas comum em todas as Ciências Humanas. Entretanto, considero que a História também precisa ser capaz de orientar o futuro, o que não deixa de ser um processo de previsão. Aqui diferencio a meia verdade da meia-verdade de Descartes (verdade mais crenças), e considero a Matemática Pura como tendo potencial aplicabilidade.

   Por fim, sim a Verdade de cada coisa existe, mas é uma busca que pode ser rápida ou até milenar. O que não existe é a Verdade Absoluta, uma verdade para tudo, uma causa primária de todas as coisas. Agora, mentiras, estas são contrárias às Verdades, e não se sustentam por serem baseadas em fatores contrários aos formadores das Verdades. Fatores que somados levam ao mesmo lado, como vetores que não se contrapõem, são verdades individuais ou meias verdades, dependendo do quão próximos da direção da Verdade daquela coisa estão. Em Estatística, uma outra Ciência Exata, usa-se um método para buscar o valor real, no qual todo bom estudante sabe que a média de valores experimentais é só um valor próximo ao verdadeiro, tendo sua probabilidade de acerto definida por um intervalo calculado pelo desvio padrão amostral. No laboratório, eu pedia para os estudantes transferirem exatamente 10 ml de água para um béquer e pesar. Após repetirem esse processo várias vezes, eles percebiam que quase nunca conseguiam repetir os volumes coletados, e dificilmente acertavam os 10 ml. Portanto, as transferências a serem consideradas num futuro processo deveriam levar em consideração a média e o desvio padrão desta etapa, e a confiabilidade no resultado final deveria levar em consideração todos os desvios (erros¹) no processo. Porém, a parte importante é que o resultado final (incerto) deve ter alto grau de confiabilidade, dependendo da aplicação (95% para aplicações padrão e 99% para a área de saúde). Portanto, o resultado é incerto, mas verdadeiro, possui erros, mas é confiável, pois certamente está próximo do exigido como Verdade, o real. 

¹ Erro em Ciências Exatas ou Naturais é dado pelo desvio diante um valor central, mas ainda dentro do alvo. É um termo usado, mas o correto é desvio, pois não se trata verdadeiramente de um erro.

   Então, não, não existem casos de verdades que deixaram de ser verdades dentro da Ciência Exatas e Naturais, nem em conceitos de mecânica, fluxo térmico, modelos atômicos, evolução, genética e epigenética, dualidade partícula-onda, quantização da energia, muito menos na esfericidade da Terra ou centralidade do Sol. Em Ciências Exatas, as verdades são consequências de verdades base (axiomas); Nas Naturais, as verdades são lapidadas, mas não mudam de direção de forma perpendicular, muito menos oposta, são modelos que se aprimoram ou são baseados em conceitos já verificados; E, em Ciências Humanas, as mentiras têm pernas curtas, de até algumas décadas, pois as verdades dependem de uma análise ampla, complexa e cujas subjetividades (afetos) devem ser identificadas e trabalhadas por muitos pontos de vista, não obrigatoriamente eliminadas.

   O que de melhor fizemos até hoje foi atuando como sociedade², nas Ciências não há de ser diferente.

Obs. O ser humano é natural, mas por decidir também por subjetividades (emoções), é necessário distinguir Ciências Humanas de Ciências Naturais.

Obs. 2. Na maioria das vezes, afirmar que cada um tem sua verdade é uma necessidade de pessoas que precisam defender crenças, religiosas ou não, meias-verdades, e algumas vezes por pessoas com meias verdades que, num ato nada sábio, não aceitam melhorias. 

Obs. 3. Usar valores numéricos, fórmulas ou argumentos provenientes das Ciências Exatas trás credibilidade a uma análise. O problema é que gráficos podem ser distorcidos, dados negligenciados ou valores estatísticos mal interpretados. Em corridas eleitorais, costuma-se omitir parte de um gráfico, ampliando desproporcionalmente a distância entre os colocados do topo. E, é famoso o exemplo da distribuição de recursos entre duas pessoas, no qual uma adquiriu dois frangos e a outra nenhum, logo, na média, cada uma teria um frango para comer, mas no fim, uma continua passando fome. 

Obs. 4. O verdadeiro cientista não trabalha por dinheiro, pois é um filósofo da natureza, não um sofista. Se se vende, ou vende a pesquisa, não é um cientista, somente um pesquisador. Portanto, existem muitos pesquisadores contribuindo para a Ciência, mas não fazendo Ciência, e, por isso, muitas vezes, contribuindo para o fracasso da sociedade.

² Os neandertais tbm viviam em sociedade, e por isso tbm se desenvolveram em várias áreas, mas muito provavelmente não tinham a ganância dos sapiens, e na competição foram extintos. Somos então menos humanos que os neandertais