Mudanças climáticas que ocorrerão, ou já estão ocorrendo, no Brasil e no mundo, incluindo dados do último relatório IPCC (2022)

 O 6º relatório do IPCC tem 270 autores, de 67 países e se baseou em 34000 publicações


   As informações a seguir são baseadas em dados de 2022:

* Nos últimos 50 anos o homem alterou o clima mais rápido que as alterações somadas dos últimos 2000 anos anteriores, e se as políticas públicas permanecerem como estão, teremos até 2100 um aumento na temperatura média global de 2,7º C. Como esta é uma média, em regiões já mais quentes, o aumento local pode ser de 4 a 6ºC. Como exemplo, modelos climáticos mostram que se a temperatura global subir 2º C, a temperatura de regiões como Cuiabá subirão entre 3 e 3,5º C;

* A temperatura global já ultrapassou o máximo ocorrido nos últimos 100 mil anos, e está prestes a ultrapassar os valores máximos ocorridos nos últimos 5 milhões de anos, vindo a gerar um aquecimento auto-alimentado com consequente ecocídio e holocaustro biológico;

* Enquanto a média global subiu 1,2º C desde 1935, a temperatura média da região Nordeste do Brasil subiu 2,2º C, e as chuvas nesta região já diminuíram em 30%. 

* A Amazônia, ao invés de absorver carbono, irá emitir pela degradação irreversível da floresta, causada pela diminuição das chuvas e inativação de enzimas que atuam na fotossíntese, que juntamente com o metano e gás carbônico emitidos pelo aquecimento do permafrost ¹, nas regiões mais ao norte do planeta, irão auto alimentar o aquecimento global, fazendo a temperatura média subir entre 4 e 7º C, podendo chegar a 9ºC. Da última vez que isto ocorreu, há 250 milhões de anos² (No Permiano), por ação vulcânica que gerou o referido efeito de auto alimentação³ do aquecimento global, 96% de todas as espécies do planeta foram extintas. Este período é conhecido como "A Grande Morte";

* Globalmente, os últimos 6 anos foram os mais quentes desde 1850 (início da era industrial);

* O aumento no nível do mar entre 1901 e 1990 foi de 1,35 mm/ano, mas entre 2006 e 2018 esse valor subiu para 3,7 mm/ano, evidenciando uma aceleração exponencial. A previsão é de um aumento no nível do mar de 1,2 a 2,5 metros até o fim do século, e um aumento de até 5 m para os próximos 200 anos. Ou seja, no intervalo de vida de um recém nascido, em Copacabana e Ipanema, o nível da água do mar chegará próximo ao 1º andar dos edifícios, bem acima do piso do térreo.

* No mundo, 3,6 bilhões de pessoas vivem em hotspots, ou seja, em regiões que serão fortemente afetadas pelas mudanças climáticas. O fluxo humano e a falta de recursos básicos, como água potável e comida, poderão gerar conflitos gigantescos, sendo prevista uma possível 3ª Guerra Mundial até 2050/60; 

* Aumento exponencial de extinções e catástrofes climáticas. O número de ciclones tropicais de alta intensidade, de nível 3 ou mais, irá dobrar, e a força dos ventos destes aumentará em 20%. O painel do clima classifica como provável o risco de extinção de 9% a 14% de espécies em todos os ecossistemas com o aquecimento de 1,5°C. Em um cenário de 2°C de aquecimento médio global, o risco de extinção sobe para a faixa de 10% a 18%, chegando ao máximo de 48% em um cenário de 5°C. Entretanto, como sabemos, o IPCC é bastante conservador, e não se pode deixar de considerar o aquecimento auto-alimentado, conforme ocorreu há 250 milhões de anos, que poderá causar uma extinção de mais de 90% das espécies;


Obs:

¹ Permafrost é uma camada de matéria orgânica acumulada por milhares de anos nas regiões frias do globo terrestre, e pode ter espessuras de meio metro até 1500 m, sendo uma gigantesca camada de acumulação de carbono protegida pelo frio. Se esta camada descongelar, enormes quantidades de metano e dióxido de carbono podem ser emitidas para a atmosfera, acelerando enormemente o processo de Aquecimento Global.



Foto: PRESS SERVICE OF THE GOVERNOR YANAO - Sibéria

² Há 250 milhões de anos ocorreu "A Grande Morte", que foi a maior extinção em massa conhecida no planeta, na qual 96% de toda a vida na superfície terrestre desapareceu. Apesar de ter duas possíveis causas, queda de meteoro (como há 66 milhões de anos) e ação vulcânica, o aumento exorbitante da temperatura e acidez oceânica é mais condizente com a emissão de CO2 por vulcões.

³ A auto alimentação do efeito estufa pode se dar pela liberação de gases estufa com o derretimento das camadas de gelo que conservam o permafrost, que passará a liberar gases do efeito estufa, aquecendo ainda mais o planeta. Outro exemplo de auto alimentação do efeito estufa é a inibição da fotossíntese em florestas como da região amazônica, que diminui drasticamente por temperatura superiores a 42ºC, e pior, tem suas enzimas desnaturadas acima dos 50ºC, causando a morte das plantas. Neste caso, não só o carbono para de ser absorvido, mas passa a ser emitido.




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